Comparada com a mamografia e ultra-sonografia, a ressonância magnética (RM) de mamas é uma modalidade diagnóstica que fornece não apenas informações morfológicas sobre o nódulo, mas também características funcionais, como perfusão tecidual e cinética do realce.
A base fisiopatológica do realce pelo contraste de lesões na RM ainda não está totalmente esclarecida, mas há alguns dados já bem estabelecidos na literatura que permitem formular algumas hipóteses.
Os tumores malignos liberam fatores angiogênicos (fator de crescimento e fator de crescimento endotelial vascular) que estimulam o aumento de capilares pré-existentes e a formação de novos vasos sem células endoteliais. Esse processo, conhecido como angiogênese ou neoangiogênese, determina um aumento da permeabilidade vascular e aparecimento de shuntsarterio-venosos.
Os tumores malignos concentram uma maior quantidade de contraste, que é eliminado rapidamente pela grande permeabilidade vascular e pela presença desses shunts arterio-venosos. Esse processo é conhecido como wash-out.
No entanto, processos benignos também apresentam um aumento da vascularização ou hiperemia e, por conseqüência, maior captação do contraste. Com isso, o realce rápido e intenso não deve ser considerado como uma característica presente apenas em tumores malignos.
Frente ao achado de um realce no exame de RM de mamas, o primeiro passo é classificar o tipo de lesão de acordo com o BI-RADS de ressonância magnética (Breast Imaging Reporting and Data System). Uma área de realce pode ser classificada em (a) nódulo, (b) área de realce não nodular ou (c) foco.
Chama-se de nódulo quando o realce ocupa um espaço bem definido, que pode ser delimitado por reconstrução de imagem em três dimensões. O realce não nodular é aquele que não ocupa espaço definido. O terceiro tipo é o foco, que representa uma área de realce menor que 5 mm, que, além de muito pequena para ser caracterizada, não tem significado patológico na grande maioria dos casos.
A distinção entre nódulo e realce não nodular é feita por critérios diagnósticos diferentes: análise morfológica e cinética. A análise morfológica consiste na avaliação da forma e contorno para os nódulos e na distribuição do realce no caso de realce não-nodular. Essa distribuição ainda é classificada conforme a localização nos ductos mamários (ductal ou segmentar) ou não (linear, focal, regional ou difuso - quando em múltiplas regiões).
Na avaliação cinética do realce, o nódulo pode apresentar três tipos de curva baseados na concentração e eliminação do contraste. Quando a captação e eliminação ocorre lentamente e determina uma curva ascendente, é chamada de tipo 1. Quando a lesão exibe uma curva em platô, é chamada de tipo 2 ou intermediária. Quando o contraste é eliminado rapidamente, caracterizando uma curva com wash-out, é de tipo 3.
A principal característica exibida pelas curvas tipo 2 (em platô) e 3 (wash-out) é a rapidez na captação máxima e eliminação do contraste. Esse tipo de padrão é observado na maioria dos carcinomas invasores. Nas lesões benignas, normalmente a captação do contraste continua até mesmo nas fases tardias (tipo 1).
A avaliação da cinética do realce é útil para estabelecer diagnósticos diferenciais de nódulos morfologicamente suspeitos e não deve ser usada para a classificação de realce não nodular. A razão é que o diagnóstico diferencial para realce não nodular inclui CDIS (carcinoma ductal in situ) e carcinoma lobular - duas doenças que não apresentam atividade angiogênica significativa.
Fonte: http://www.fleury.com.br/
Tipos de realce de nódulo na ressonância magnética de mama
Por: Dra. Adriana H. P. G. Ferreira?